sábado, novembro 27, 2004

A Democracia "suspensa"

A greve de Janeiro de 1912, foi a primeira grande contestação que os líderes históricos republicanos sofreram, em resposta, puseram em prática a sua ideia sui-generis de Democracia. Na sessão de 1 de Fevereiro propuseram a “suspensão das garantias”, o julgamento sumário dos “elementos subversivos” em tribunais militares e até a suspensão do próprio parlamento, a que Brito Camacho (proponente) eufemisticamente chamou de “adiamento”. Simas Machado, liderou a contestação a esta proposta.

"Pedi, tambêm, a palavra para dizer ao Sr. Brito Camacho, a cuja robusta inteligência e vasta erudição presto a minha homenagem, que não concordo com a sua proposta de adiamento parlamentar. Vários motivos me levam a fazer esta declaração, e entre êles o de que êsse adiamento deve causar um certo sobressalto no estrangeiro, para o que não há motivo, positivamente.
Demais, Sr. Presidente, parece-me que a República cairá naquele erro que tanto censurou à monarquia, porque, era certo, que a monarquia, à mais pequena dificuldade que se lhe levantava, imediatamente suspendia o Parlamento, apesar dêste ser feito à sua imagem e semelhança! (Apoiados)[...]
Nestas condições, Sr. Presidente, eu não voto o adiamento proposto pelo meu colega Sr. Brito Camacho, a quem muito respeito e considero, mas com quem não estou de acordo."
Fonte: Diário das sessões do Congresso da Republica - dia 1 de Fevereiro de 1912 (ligação)
A suspensão das garantias, os tribunais marciais, foram aprovados por unanimidade e o “Adiamento” do parlamento foi aprovado com 61 votos a favor e 41 contra.