segunda-feira, novembro 22, 2004

Espiando o Paladino

Em 1912, a ameaça de Paiva Couceiro mantêm-se, fazendo com que os responsáveis Republicanos, cujo poder não ia além dos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto, tomassem todos os meios possíveis, para se manterem informados das movimentações do Paladino.
Raimundo Meira utilizou o seu Sobrinho, Domingos Pinto da Rocha, como espião junto aos refugiados Monárquicos de Tuy. Este escreve a 12 de Fevereiro de 1912
Meu Caro Tio
Não pense que o seu sobrinho que há longos 6 meses vem commendo o negro pão do exílio o esqueceu e que esqueceu também a gratidão que lhe deve desde dias bem difíceis; pode ter malandrado, não cuidando escrever-lhe há mais tempo como devia, mas, mais nada.
Vim para aqui em 24 de Setembro, por motivos que me não dão liberdade explicá-los e tenho sofrido inclemente a nostalgia da pátria e da família querida e a estas horas do Brazil senti-la-ia se bem arreigada esperança de melhores dias me não tivesse suavizando o gracioso salero das donairozas e bem penteadas gallegas, me não enfeitasse!
Creia que vale a pena passar-se por conspirador só pelo prazer de se estar perto d’ellas…
A propósito; O capitão Ferreira chegou ontem de manhã aqui e acompanhará os paivantes na coluna.
Como tem passado? Como está de saúde a Tia e os primos.
Peço apresentar-lhes os meus cumprimentos e aceitá-los também e utilizarão os meus serviços quando o desejarem.
Sobrinho muito dedicado
Domingos Rocha
PS: Em Viana já tenho mais um filho que não tive a honra ainda de conhecer.
Nota Familiar: Domingos Pinto da Rocha, meu primo, pertencia ao lado religioso da família. Seu irmão, o Padre Sebastião Pinto da Rocha, será 40 anos mais tarde um dos principais impulsionadores da construção do monumento ao Cristo-Rei.