quarta-feira, dezembro 01, 2004

Os Carrapatas*

No início do Regime Republicano foram formados inúmeros grupos radicais de defesa da república. Estes grupos eram compostos sobretudo por membros da carbonária e eram encorajados por Afonso Costa, com o apoio tácito, mas silencioso de Magalhães Lima, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano. A partir do Outono de 1911, Afonso Costa lança-os contra todos aqueles que lhe disputam o poder no cada vez mais dividido Partido Republicano. Os grupos radicais tomam o poder nas ruas, onde apenas Afonso Costa podia andar desarmado. António José de Almeida, líder do grupo evolucionista e republicano moderado foi várias vezes atacado (Raul Brandão – Memórias), tendo mesmo chegado a usar armas para defender a própria vida.
Durante as eleições constituintes de 1911, os carrapatas foram fundamentais para impedirem o aparecimento de listas de candidatos não Republicanos.
Rapidamente estes grupos radicais transformaram-se num poder paralelo.
No entanto o feitiço voltou-se contra o feiticeiro. Afonso Costa que após chegar ao poder (Janeiro 1913) recusou as recompensas que os membros destes grupos radicais (Carrapatas) julgavam ter direito, por terem sido os principais responsáveis pela sua subida ao poder. Costa passou a ser considerado “Moderado” (Sob o ponto de vista dos Radicais) e depressa se tornou num alvo a abater. Apenas passados 4 meses, ocorreu o pronunciamento de 27 de Abril de 1913 (Primeira revolta de republicanos contra republicanos)
*Adaptado da História de Portugal – Vol IX – Coordenação de José Matoso