sexta-feira, janeiro 14, 2005

Coimbra Unida (1ª Parte)

No dia 3 de Julho, a Comissão de Resistência conferencia com Raimundo Enes Meira, tendo pedido que este não mandasse as forças militares para a rua, de modo a evitar confrontos desnecessários, e sublinhou o carácter pacífico da greve.
No mesmo dia, Raimundo Meira dá ordem para que os eléctricos voltassem a operar, ordem que não foi acatada.Na realidade, segundo o que o Diário de Noticias escreve nesses dias, verificava-se em Coimbra um espirito de união e civismo, raro em Portugal, tanto nessa altura como hoje em dia. Noticiava o referido Jornal, na sua edição de 4 de Julho de 1913:
A cidade mantém um aspecto desolador desde Domingo. Os estabelecimentos comerciais e industriais todos fechados e obras paralisadas. Nos centros principais, como na praça 8 de Maio e suas proximidades permanece grande concurso de populares, mas todos na melhor ordem, sem o menor motivo para a intervenção da autoridade . Nunca se viu um movimento assim.
As padarias fornecem, cada uma, 8 Kg de pão por dia aos grevistas
Os negociantes de Sardinha oferecem todos os dias, cada um, um cabaz de Sardinha.
Foi feita hoje a inscrição dos operários que mais precisam de receber socorros.
Amanhã, no teatro Avenida, serão distribuídos ao operariado, arroz, bacalhau, azeite e petróleo.
A federação das associações e a União Geral dos Trabalhadores, pondo de parte desintelingências trabalham de comum acordo para o subsídio aos operários e demais trabalhadores em greve.Alguns soldados da GNR, têm ido às casas de pasto para comer, mas não o conseguem, em vista de estarem também em greve estas casas. Isto tem feito contrariar os militares.