sexta-feira, janeiro 14, 2005

Coimbra Unida (2ª Parte)

No dia 4 de Julho (Sexta-Feira) continuava o braço de ferro. Em face da recusa em recomeçar o serviço dos eléctricos, Raimundo Meira chama ao Governo-Civil todos os empregados, onde lhes foi novamente ordenado, em vão, que voltassem ao trabalho. Mesmo perante a ameaça de sanções legais (suspensão durante 6 meses) mantêm a recusa.
As cooperativas de consumo dos empregados públicos são abertas à força pela GNR e mantidas sob a sua vigilância.
Na sua edição de 5 de Julho, o Diário de Noticias, aborda a “Questão de Coimbra” é Abordada em editorial.

[...]Queixam-se os Conimbricences de que inesperadamente, e quando, em seguida a conflitos de que só lhe provieram prejuízos e desgostos. Aliás facilmente sanáveis, esperavem por parte do governo resoluções compensadoras , o parlamento lhes agravou a situação, votando de afogadilho, sem ponderação nem estudo, o desdobramento da faculdade de Direito da sua Universidade. E nesta parte, até mesmo aos que entenderam que o ensino de qualquer disciplinas não deve constituir monopólio de qualquer escola, por muito respeitável que esta seja, merece reparo e censura a forma como decorreu a apresentação da discussão (se discussão pode dizer-se que houve naquele tumultuoso levantar de sessão)* da proposta ministerial referente ao aludido desdobramento que, segundo entendem os reclamantes virá a afectar os interesses de Coimbra e os brios da sua Universidade tantas vezes secular.[...]
[...] Urgente nos parece pois, que, por forma que não se firam os interesses legitimos, nem os brios respeitáveis da formississima cidade do Mondego, à qual tantos milhares de corações de novos e de velhos bachareis se prendem por laços de inextinguível saudade, se encontre uma solução imediata e honrosa para o conflito. Nem aconselhamos a Coimbra que seja intransigente, porque também não concordamos com alguns dos meios de que lançou mão para afirmar o seu protesto e evidenciar o seu desgosto, nem aplaudiremos que o governo deixe sem imediatas e insofismáveis compensações, os danos que o desdobramento da faculdade de Direito vai causar à Universidade e á terra que, por assim dizer consubstancia. [...]

* - Nessa mesma sessão, O Senador João de Freitas tentou assassinar Artur Costa (irmão de Afonso Costa). João de Freitas no meio de uma discussão sobre assuntos menos lícitos de uma compahia agricola de São Tomé e Principe, dirigida por Afonso Costa, empunhou uma pistola automática que apontou a Artur Costa. No ultimo momento foi detido por Miranda do Vale, que ficou ferido numa mão com o disparo efectuado.