domingo, fevereiro 25, 2007

No interesse do Partido

Enquanto se sucedem estes acontecimentos, Antunes Viana, um dos líderes de uma das inúmeras facções do partido Democrático de Viana do Castelo e Vice-Governador Civil, escreve a 22 de Janeiro de 1915, a seguinte missiva a Raimundo Meira a respeito do falecimento do Juiz de Viana, pedindo calma e apontando alguns nomes possíveis para serem nomeados Juízes. Tudo no interesse do partido, pois como ele bem afirma “Como eu não tenho parentes para este lugar, o meu interesse é todo do partido

Meu caro Meira

Que chega de bom é esse o meu desejo.
Hoje faleceu o juiz daqui, e como falando com o visconde de Pedralva, me deixou ver que o meu amigo é que se interessa pelo Queirós, é meu dever lembrar-lhe que ele não é bem recebido por ser Jesuíta.
Como eu não tenho parentes para este lugar, o meu interesse é todo do partido, e como tal vejo que não é de boa política ser nomeado para aqui quem é parente do Porto, e de todos os Talassas de cá e de Lacerdas de Vasconcelos.
Que venha para cá quem queira, mas um homem que seja democrático, um homem e não um jesuíta.
As nossas amizades devem ser postas de parte para não servirem inimigos nossos, aliás do regime.
Olhe bem para os monárquicos militares que aproveitando a ingenuidade de uns, e do Camachismo de outros, como eles apareceram para ver se pegava.
Este movimento deve servir de lição para termos sempre distância de quem não e republicano.
O Governador Civil é que me pediu para lhe escrever, isto é por eleição ir amanhã à terra lhe não poder falar pelo pouco tempo que aí tem. Ele não conhece o homem e como sabe é de conveniência que nós friamente olhemos para o dia de amanhã. Façamos política de alcance e de ser proveitosa para o futuro. Pense e se em sua consciência entender o bem da política que devem por de parte esse Queirós, façam-no. Veja o nosso correligionário da Junta Geral Gomes, e não se esqueça deste rifão,- antes que cases vê o que fazes-. Se querem ter o juiz dos Arcos, o Sousa – que não fura paredes mas é bom homem pode ajudar-nos
Há um de Mourão que quer vir para aqui, não sei o que ele é, e não haja pressa e faça-se uma decisão acertada. O Figueiredo da Guerra, quer ir para Mourão e esse é nosso amigo e ali recebem-no bem.
Julgo Conveniente que escreva para Lisboa para pensarem até que friamente acertem.

Saúde boa é o que eu lhe desejo

Seu amigo velho

Antunes Viana

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