terça-feira, março 27, 2007

Nervosismo Democrático

O nervosismo dos democráticos é bem patente nesta carta dirigida a Raimundo Enes Meira, para eles a Monarquia já estava instalada. A perda de poder estava a traduzir-se no recenseamento eleitoral de adversários políticos a que rotulavam de Talassas (monárquicos) independentemente de o serem ou não.
Carta escrita no dia 23 de Fevereiro de 1915, de remetente desconhecido. O sobrescrito tinha o timbre do Colégio Beira-Mar de Leça da Palmeira.

Como tem passado em face de toda esta temperatura politica?
Na minha humilde opinião, se os monárquicos não forem tão chapadamente burros como os republicanos, têm agora uma magnífica oportunidade única de consultar o país com a celebração do plebiscito Couceirista. E olhe que vencem em toda a linha, ou a lógica é uma cebola.
Com a nova lei eleitoral só podem lucrar os monárquicos e os democráticos, ou a lógica continuará a ser uma abóbora.
Olhe que só neste concelho têm sido recenseados nos últimos dias cerca de setecentos talassas…
Preparam o golpe. Como vê, e levarão de vencida os republicanos. Só quem for cego de alma e de corpo não verá em tudo isto, um plano monárquico habilmente levado a bom termo e com quase certeza de um êxito seguro.
As maiorias serão vencidas pelos monárquicos se, a sério as disputassem e pelos democráticos se aqueles não quiserem trabalhar como devem.
Eis na minha humilde opinião o estupendo resultado das manobras do traidor Camacho e dos poltrões de espada a quem ele, no seu cobotinismo piramidal, pensou servir de Saldanha de lata!
Não haverá meio de dissolver o chamado nosso exército? …
Se não há, só nos resta entoar um “de profundis” em honra da república e de nossa independência.

Quando aparece por aqui?
Cumprimentos à sua Exma. esposa e um abraço do

G?


Átrio do Colégio Beira-Mar em Leça da Palmeira (Bilhete Postal Ilustrado)

Etiquetas: