terça-feira, fevereiro 05, 2008

Almeida, António José de (1866-1929)

(Penacova, 18 de Julho de 1866 - Lisboa, 31 de Outubro de 1929). Médico, jornalista e político, 6° Presidente da República Portuguesa, nasceu de uma família de modestos lavradores (José António de Almeida e Maria Rita das Neves e Almeida) que o mandaram estudar a Coimbra, onde se formou (1895). Republicano desde os bancos da escola, viveu intensamente o período do Ultimato (1890), distinguindo-se por um contundente ataque ao rei D. Carlos no jornal académico O Ultimato, que intitulou «Bragança o último» e que lhe valeu a cadeia por três meses. Esteve também implicado na revolta republicana de 1891, mas sem lhe sofrer consequências. Concluído o curso de Medicina, embarcou para São Tomé onde exerceu clínica (1896-1903), se espe¬cializou em doenças tropicais e amealhou uma pequena fortuna que gastaria mais tarde no jornalismo e na política. De regresso à Europa, e depois de um breve estágio em clínicas de Paris (1903-04), abriu consultório em Lisboa, onde se tornou querido de uma vasta clientela popular.
Ingressando no Partido Republicano Português e, mais tarde, também na Maçonaria e na Carbonária, António José de Almeida depressa se tornou uma das figuras mais conhecidas e prestigiadas do republicanismo, quer pelas suas capacidades como orador impetuoso, agressivo e completamente demagógico.
Escreveu para vários jornais, sobretudo para A Luta, mas foi no Parlamento (1906-07; 1908-10) e nos comícios dos últimos anos da Monarquia que o seu talento oratório o impôs como caudilho indiscutível, além de o revelar como mestre de arte retórica. Em 1910 fundou a revista Alma Nacional, que dirigiu, e onde colaborou assiduamente até à proclamação da República.
Conspirador contra a ditadura de João Franco, preso e logo libertado após o Regicídio (1908), participou activamente na preparação do movimento republicano, sendo natural que lhe colhesse parte dos louros como ministro do Interior no Governo Provisório (5-X-1910 a 3-IX-1911) e como deputado (1911-15; 1915-17; 1919).
Como ministro deveu-se-lhe uma actividade fecunda, sobretudo no campo da Instrução pública. A necessidade da manutenção da ordem numa época difícil e conturbada por toda a espécie de fermentos políticos e sociais valeu-lhe a má vontade de parte das populações de Lisboa e Porto, que o acusaram de traidor e de certa maneira o empurraram para uma posição conservadora que nunca fora a sua. Ainda ministro, fundara e começara a dirigir o jornal República (1911), que se tornou o órgão de combate e de expressão de toda uma camada de republicanos que se opunham a Afonso Costa e às suas tendências radicais. Aí escreveu continuadamente até 1919. Fundou o Partido Republicano Evolucionista (1912), agrupamento heterogéneo e confusamente programado, onde militavam conservadores, extremistas e simples despeitados. Apesar da sua aparente força e da projecção nacional que teve, o Partido justificava-se tão-somente pela figura do seu chefe. Em 1916 reconciliou-se com Afonso Costa e aceitou a presidência de um governo de guerra conhecido como governo da União Sagrada (16-111-1916 a 25-IV-1917), onde também geriu a pasta das Colónias. Abandonando-o mais tarde, continuou porém a apoiar Afonso Costa até ao Sidonismo, que sempre repudiou, ao contrário da maioria dos evolucionistas.
Em Agosto de 1919, proposto pêlos Partidos Evolucionista e Unionista, mas com o apoio de muitos Democráticos, foi eleito presidente da República, cargo que desempenhou até ao fim do mandato (1919-23), com o aplauso e respeito unânime dos vários agrupamentos políticos e entre escolhos que pareciam insuperáveis. Visitou o Brasil (1922) para tomar parte nas festividades do centenário da Independência, deixando fama quase lendária pelas suas capa¬cidades oratórias. Ainda voltou a ser deputado por Lisboa em 1925 mas depois, doente e prematuramente envelhecido, passou em silêncio literário e político os últimos anos de vida.
Iniciado maçon por comunicação em 1907 (Álvaro Vaz de Almada), pertenceu à loja Montanha. Foi eleito Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano em 1929, nunca podendo tomar posse devido ao seu estado de saúde.
Ministros e Parlamentares da 1ª Republica - Guinote et al - Lisboa - 1991 - Assembleia da República

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1 Comments:

Anonymous penacova online said...

Nasceu a 17 de Julho conforme certidao de baptismo.Fica a correcção. Aparecem tb por vezes outras datas.
Cumprimentos
David Almeida

11:42 da tarde  

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